É importante que possamos escolher nosso armamento e equipamento não pela marca ou pela fama, e sim pelas qualidades que nos são mais caras e importantes.
As armas são classificadas de acordo com sua forma, emprego e características técnicas. Vamos tratar apenas dos seguintes grupos de classificação que consideram o tipo de alma, o tamanho o tipo de funcionamento. Essa classificação compõe parte da nomenclatura formal da arma.
a) Quanto ao tamanho
Fuzis, rifles, carabinas
O emprego dos nomes fuzil, rifle e carabina se confundem um pouco. Por exemplo, uma arma portátil calibre .223Rem pode ser chamada por fuzil, rifle ou carabina dependendo da versão.
O nome “rifle” deriva da palavra da língua inglesa que significa “raia”. Tecnicamente qualquer arma longa raiada pode ser designada como “rifle”.
Armas longas raiadas de menor dimensão e de baixa potência são normalmente chamadas de carabinas. São exemplos: Car .30M1, Car .38, Car .44, Car .22 e outros.
As armas longas com maiores calibres e de maiores dimensões costumam ser chamadas de fuzil e quando possuem versões de menores dimensões e compactas podem ser chamadas de carabinas (e.g.: a carabina Mauser 7x57mm é a versão menor do fuzil Mauser 7x57mm).
Alguns fuzis podem ser desmontados e montados conservando a regulagem da pontaria para facilitar o transporte, são chamados de “Take down”. Outros, além de desmontáveis, permitem a utilização de outros calibres, bastando mudar o cano e, às vezes, a cabeça do ferrolho, são chamados de “combo”.
Bullpup
Algumas armas possuem uma configuração onde o alimentador se localiza posterior ao gatilho. Esta configuração, conhecida por “bullpup”, reduz o comprimento total da arma e posiciona o centro de gravidade – CG – da arma mais próximo ao ombro do atirador. Por outro lado, com exceção das que ejetam para baixo, são necessárias maiores adaptações para poderem ser ambidestras e necessitam tirantes mais longos entre o gatilho e o percussor.
b) Quanto ao tipo de alma
As diferenças entre as armas de alma lisa (espingardas e garruchas) e as de alma raiada são muito significativas. Inclusive o conceito de calibre e a nomenclatura das munições são diferentes.
c) Quanto ao tipo de funcionamento:
É recomendável muita cautela para se utilizar munições avulsas fora de suas caixas de fábrica. Considere que as munições normalmente podem ser recarregadas e que as diferenças de carga e projetil não são facilmente identificadas.
Assim como as armas, as munições também podem ser classificadas em função de certas características de construção.
a) Quanto ao iniciador
As munições podem ser classificadas, em razão do processo utilizado para iniciar a queima do propelente, como de:
– “fogo central”; e
– “fogo circular”.
As munições de fogo central utilizam espoletas alojadas no centro da base de seus estojos que são acionadas ao serem atingidas pelo percussor. A espoleta é o componente da munição que contém o elemento/mistura iniciador(a). Após percutida, o fogo gerado atinge a pólvora do estojo através de “canais de fogo” existentes entre o alojamento da espoleta e o compartimento da carga de projeção.
Normalmente as espoletas podem ser do tipo Berdan ou Boxer. A principal diferença entre elas é existência do componente chamado de “bigorna”, presente na estrutura das espoletas Boxer e ausente na Berdan . Os estojos que vão calçar estas espoletas também são diferentes e não são cambiáveis entre si.
Os estojos para as espoletas Berdan possuem mais de um canal de fogo deslocados do centro e uma protuberância no centro do alojamento da espoleta chamada de bigorna. Já os estojos para espoleta Boxer possuem apenas um canal de fogo central no alojamento da espoleta. Não há necessidade da bigorna que é um componente interno da própria espoleta.
As espoletas mais procuradas são as do tipo Boxer que facilitam as operações de recarga. Em termos de performance as duas se equilibram.
As munições magnum vão demandar espoletas igualmente magnum que possuem carga adequada para realizar a deflagração do propelente com melhor uniformidade.
As munições de “fogo circular” não possuem espoletas centrais. O elemento iniciador é distribuído ao redor do perímetro de sua base. Estas munições são comuns em pequenos calibres com estojos pequenos. Como o percussor pode atingir o iniciador em qualquer ponto do perímetro do estojo, é importante que o iniciador seja uniformemente distribuído ao longo da borda para assegurar a regularidade da queima do propelente.
b) Quanto ao tipo de projetil (carga)
As munições podem ser carregadas com um projétil ogival, como é o caso da armas de alma raiada; ou com cargas de chumbo, como é o caso das armas de alma lisa (espingardas e garruchas). Estas últimas possuem construção e forma própria inclusive sua nomenclatura é exclusiva. Elas são conhecidas por cartuchos de munição ou simplesmente por munição de espingarda.
As armas raiadas disparam um único projetil ogival, as raias são necessárias para dar estabilidade ao projetil, minimizando o momento resultante dos vetores de pressão de peso (CP e CG). As armas de alma lisa disparam cargas de chumbo esférico que ficam contidas no interior do cartucho e não necessitam de rotação já que os vetores de pressão e peso não geram um momento.
Possuem a culatra fechada. A carga e o projetil são carregados pela boca. Podem ser de pederneira ou usar espoleta. Algumas possuem um pequeno ferrolho para se inserir a espoleta.
É possível encontrar cargas moldadas para estas armas, aumentando significativamente a velocidade de recarga.
As pistolas de duelo são um exemplo destas armas assim como os antigos fuzis Hawken (1820).
Armas de tiro simples podem ser articuladas ou possuir um sistema de abertura tipo bloco deslizante, cunha vertical, ferrolho ou outro para abrir a culatra e permitir o carregamento manual.
Os famosos – “doubles” (duplo em inglês) são armas articuladas de dois canos. Eles são normalmente encontrados nos maiores calibres e utilizados para caça de animais perigosos. Estas armas são consideradas as mais velozes quando se necessita emendar dois tiros. Elas acabam sendo mais curtas por não possuirem o espaço longitudinal do carregador, porém são mais pesadas em razão de possuirem dois canos.
Os “doubles”, dependendo da marca, costumam estar entre as armas mais caras do mercado. A disposição dos canos pode ser “lado a lado” ou “sobrepostos”. As espingardas articuladas costumam ter os canos sobrepostos, o que facilita a produção e precisão, já os fuzis de caça articulados clássicos possuem os canos lado a lado.
Outro tipo de arma longa articulada possui três canos. São os chamados “Drillings” (terceiro em alemão), normalmente dois canos de alma lisa e um terceiro cano localizado no vão dos dois primeiros de alma raiada.
As armas curtas de tiro simples são conhecidos por pistoletes ou garruchas.
As armas de repetição possuem um ferrolho acionado por ação manual do atirador. Estes ferrolhos podem ser acionados:
A “ação” está entre as partes mais importante destas armas, como existem diferentes tipos de ação em uso, é importante estar atento ás características de cada uma. Alguns pontos que devem ser considerados na seleção:
A ação Mauser é reconhecida mundialmente por sua confiabilidade para calibres pequenos, médios e grandes.
Inicialmente as armas de repetição e semi automáticas utilizavam um carregador tubular. Os cartuchos são municiadas em um tubo normalmente abaixo do cano. Este desenho permite uma arma esguia, porém quanto mais curta a arma, menor é a capacidade do carregador.
Em seguida surgiram os carregadores verticais integrados a arma e posteriormente os carregadores verticais destacáveis e os do tipo tambor. É possível conduzir vários carregadores sobressalentes municiados que podem ser trocados com facilidade permitindo manter uma maior cadencia de tiro e maior volume de tiro em relação aos carregadores integrados ou fixos.
As armas semiautomáticas utilizam, de forma direta ou indireta, a força de expansão dos gases para realizar as operações necessárias para o próximo disparo (destrancar, abrir, extrair, ejetar, engatilhar, carregar, fechar e trancar). Elas são comercializadas em modelos esportivos, militar e policial. Muitos países não autorizam a entrada de armas semiautomáticas com aparência de armas de assalto para a atividade de caça.
As pistolas são exemplo de armas curtas semiautomáticas, o mecanismo é acionado pela ação direta dos gases no ferrolho. Os calibres mais potentes possuem sistemas de trancamento e destrancamento do cano ao ferrolho de forma que o cano fica solidário ao ferrolho no início do recuo – curto recuo do cano.
Normalmente as armas longas desviam uma parte dos gases no terço final do cano para acionar o mecanismo da arma. Algumas armas utilizam um êmbolo ou pistão para acionar o mecanismo e outras não. Quando for selecionar sua arma tenha em mente que quanto maior o número de peças móveis em contato com o cano, maior serão as variáveis que podem afetar a precisão de sua arma. Por outro lado o uso do pistão diminui a demanda de manutenção da arma.
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